TESTEMUNHO - CARLA J. PINHEIRO

Meu nome é Carla Pinheiro, nasci na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Quando decidi escrever o meu testemunho só o que passava pela minha cabeça era glorificar o nome do Senhor Jesus em minha vida. Eu louvo a Deus por ter me tirado da escravidão que nem eu mesma sabia que vivia.

Muitas vezes nós vivemos e nos acostumamos com circunstâncias que, apesar de não percebermos, a cada dia nos afastam do nosso Criador . Mas graças a Deus que nos amou de tal maneira que mandou o seu filho Jesus, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:16) Isso nos enche de alegria.

E foi exatamente essa alegria e confiança que eu proclamei no dia do meu batismo nas águas. Que bom saber que o Senhor se preocupa conosco independente do que fizemos, ou quão grave tenha sido isso para nós mesmos ou para os outros! Tenho visto Deus fazer coisas tremendas, salvar gente que estava no fundo do poço, levantar caídos e desesperançados. E creio que continuarei vendo, para honra e glória d’Ele.

Vivi cerca de 17 anos intensamente a homossexualidade. Tenho 38 anos de idade e quase cinco anos de convertida. Hoje posso dizer que Deus realmente mudou minha história. Além de viver na prática da homossexualidade, eu bebia muito, quase todo dia. Qualquer coisa era motivo para eu beber e, quando começava, era difícil parar. Para completar fumava quase dois maços de cigarros por dia. Como tudo isso me fazia mal! Mas eu, por mim mesma, não conseguia parar.

Quando eu tinha cinco anos, meu irmão de quatro anos faleceu de leucemia. Houve uma dor muito grande na família e meus pais ficaram muito tristes e abalados. Com a morte dele, meu pai transferiu para mim todo o afeto e expectativa que sentia pelo meu irmão.

Ele passou a me levar a todos os lugares aonde ia: corrida de carro, casa dos amigos, para o trabalho. Na época ele tinha uma agência de automóveis. Havia muitos homens e só eu de menina. Para mim tornou-se tão natural estar onde meu pai estava, que eu só não entrava no banheiro dos homens porque era proibido. Ele, na verdade, não sabia o que estava fazendo, era inconsciente.

Quando eu tinha mais ou menos 9 anos, fui vítima dos abusos de um empregado do meu pai. Ele parecia ser uma doente mental e, toda vez que me via, me levava para o banheiro para me mostrar revistas pornográficas. Eu achava terrível aquilo, mas tinha medo de contar a meu pai, e não sabia o que fazer. Depois de um tempo ele foi mandado embora. Só assim consegui ficar livre dele. Certamente aquilo interferiu na formação saudável da minha psicossexualidade.

Fui crescendo e sempre sentindo um vazio muito grande. Sempre que podia fugia para uma igreja católica próxima à loja do meu pai e lá tentava falar com Deus. Não me lembro como me sentia depois. Mas, depois que me converti, me identifiquei muito com o que disse o cientista Blaser Pascal, um filósofo francês: “Há um vazio no coração do homem do tamanho de Deus. Só Ele pode preencher”. É verdade! Isso se cumpriu na minha vida.

Entrei na adolescência e, quando fiz 15 anos, meu pai me deu um carro. Mesmo sem carteira eu dirigia, andava de moto e, como fazia tudo isso muito bem, meu pai se orgulhava muito de mim. Tudo isso facilitou as minhas saídas, pois ia para onde queria. A única preocupação do meu pai era que eu voltasse para casa, não importava a hora. Afinal ele tinha me dado o carro e eu não tinha desculpas para dormir fora.

Com mais ou menos 17 anos eu me apaixonei por uma amiga, e depois disso não parei mais de ter envolvimentos homossexuais. Vivi intensamente esse tipo de relação. Eu achava que era bom mas, lá no fundo, nunca tive certeza se isso era verdadeiramente bom. Vivia em bares, boates e festas gays. Pensava que aquela vida é que era boa. Como eu me considerava boazinha e fiel, achava que nada podia ser contra mim. Que engano! Como o diabo cega o nosso entendimento.

Quando eu tinha cerca de 19 anos minha mãe se converteu e começou a falar de Jesus para mim,  sempre contando as histórias da Bíblia. Ela começou a fazer estudos bíblicos em casa. Às vezes eu passava e ouvia alguma coisa, mas nunca tinha tempo para ficar ouvindo mais.

Oito anos após a morte do meu irmão, meus pais tiveram mais duas filhas. E elas praticamente cresceram no evangelho. E com isso também falavam de Jesus para mim. Minha irmã mais nova sempre me dizia que Jesus ia voltar, que era para eu me converter, se não eu não iria para o céu. Aquilo me dava um certo temor, mas eu não entendia. De tanto ouvir a palavra de Deus comecei a entender que essa era a religião mais certa e diferente de todas as que eu já havia conhecido. Por isso comecei a falar para os meus amigos. Mesmo assim eu não deixava de praticar a homossexualidade, beber muito e  fumar. Eu achava que Jesus entenderia que eu era boa, que não fazia mal a ninguém e que era de uma boa família. Dessa forma eu me enganava e não sabia.

Às vezes estava completamente bêbada nas festas gays ou boates quando alguém se aproximava, dizia que estava com problemas e me pedia ajuda. Mesmo bêbada eu sempre falava de Jesus. Falava o que a minha mãe me contava. Eu dizia: “Só Jesus salva!”. Tive fama de ser crente, mas não era, pois não conhecia Jesus e não entendia o evangelho.

Passaram-se alguns anos e nada dava certo em minha vida. Perdi quase toda a herança que meu pai havia deixado para mim após sua morte: muito dinheiro, imóveis e etc. Foi aí que comecei a pedir ajuda ao Deus da minha mãe. Pedia que Ele me tirasse daquela vida de homossexualismo e alcoolismo, pois sozinha eu não conseguiria. Fui ficando cada vez pior.  Foi então que contraí uma doença que no futuro poderia ser um câncer. Pedi a Deus chorando que não deixasse eu morrer, pois tinha muito medo disso.

Quando voltei ao hospital para começar os tratamentos e marcar a cirurgia, a médica me disse que tudo que ela tinha visto nos meus exames, apontando para a doença, não estava vendo mais. Ali eu percebi que Deus havia feito alguma coisa, o primeiro milagre na minha vida. Mas o maior veio depois, que foi a salvação da minha alma.

Um dia eu estava numa praia à noite, depois de uma festa muito louca, em que tinha bebido muito. À certa hora uma amiga minha começou a brigar com outra mulher. Quando uma delas quebrou uma garrafa para agredir a outra, eu entrei no meio para acabar com aquilo e quase levei uma garrafada na cabeça. Levei um susto tão grande que a onda da bebida passou na hora. Saí dali e fui pra frente do mar e fiquei olhando a noite. A pessoa com quem eu tinha um caso estava ao meu lado e eu simplesmente falei: um dia eu vou ser crente. Ela virou-se para mim e perguntou inocentemente: é bom isso? Eu falei que era e ela disse que se aquilo era realmente bom, ela também queria. Ali eu comecei a perceber que Jesus estava fazendo algo em minha vida.

Alguns meses depois, após um dia de muito trabalho, recebi o recado que uma irmã de oração, na casa de quem minha mãe me levava de vez em quando para receber oração, queria falar comigo. Quando ela deixou o recado falou que tinha algo de Deus para mim. Comecei a ficar nervosa por saber, lá no fundo do meu coração, que alguma coisa diferente iria acontecer.

Pedi a minha sócia e caso, na época, para me levar - pois era longe e eu não conseguiria dirigir de tão nervosa que estava -, mas ela disse que não podia, pois estava aguardando três clientes. Fui para a outra sala e comecei a falar com Deus. Falei que se o que estava acontecendo vinha dÉle, que Ele fizesse algo para que ela fosse comigo.

Em 10 minutos o telefone tocou e todos os clientes desmarcaram. Então ela foi, pois percebeu que não teria outro jeito. No caminho pegamos minha irmã mais nova e, chegando lá, fui conversar com a irmã de oração na cozinha da casa dela. Ela me disse que  Deus tinha uma obra na minha vida e que Ele não me queria mais com um pé lá e outro cá, falando Dele, mas sem o conhecer de verdade. Disse, ainda, que havia visto a minha sepultura e que Deus já havia me livrado muitas vezes da morte, pois Ele me amava muito. Quando acabou de me falar essas coisas, ela perguntou seu eu queria aceitar a Jesus em meu coração. Naquela momento algo maravilhoso aconteceu, me senti diferente. Eu falei para ela que queria Jesus e que não faria mais nada que fazia antes e viveria para fazer a obra d’Ele.

Quando saí dali eu sentia uma paz e uma alegria tremenda. Já saí dizendo para as pessoas que, agora eu era crente de verdade. No caminho de volta para casa, fui jogando fora todos os maços de cigarro que estavam no carro. Cheguei em casa e joguei no vaso sanitário todas as bebidas. Chamei a pessoa que era meu caso na época e disse: agora sou crente e nós vamos ser amigas. Naquele dia Jesus havia mudado a minha vida, mudou as minhas emoções, tirou todos os meus vícios.

Seis meses depois da minha conversão, minha amiga se converteu também.  Ela foi tocada pelo meu testemunho e lendo o capítulo 1 de Romanos, que fala sobre homossexualismo feminino e masculino. Glórias a Deus, pois só Ele é digno de toda honra e toda glória!!!

Fui aceita na igreja das minhas irmãs e o pastor me olhou com os olhos de Deus. Ele me amou e me respeitou. Como foi importante não ter sido vista com preconceito na igreja no início da minha conversão. Fui discipulada na Palavra de Deus, e ajudada com muito por algumas pessoas e hoje posso dizer que Ele é fiel, pois nunca acreditei conseguir Ter uma vida normal com outro tipo de amigos. Hoje me sinto, como Paulo fala em 1 Coríntios 6:11,  lavada, santificada e justificada em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus. Faço parte da coordenação do ministério de evangelismo e missões de minha igreja e sinto um chamado de Deus para trabalhar na área da homossexualidade. Eu louvo a Deus por isso. Mas, por outro lado e com muita tristeza, eu percebo que o preconceito em algumas igrejas tem entristecido e afastado muita gente. E creio que Deus se entristece com isso também, pois a própria Bíblia diz que “...para com Deus não há acepção de pessoas.” (Rm 2.11)

Jesus diz que no mundo teremos aflições, mas nos diz também para termos bom ânimo, pois Ele venceu o mundo. Por isso eu creio que com Ele nós também venceremos.